Os acionistas da Cimpor aprovaram hoje em Assembleia Geral, com esmagadora maioria de 99,3% dos votos emitidos, a proposta do acionista principal, a Intercement.
Detida pelo grupo brasileiro Camargo Corrêa, a Intercement Austria convocou a assembleia-geral extraordinária a 26 de maio, apresentando um único ponto: “deliberar sobre a perda da qualidade de sociedade aberta”.
Os acionistas da Cimpor, cuja maior é a a autora da proposta com 95% do capital, aprovaram em sobre a saída da empresa da bolsa, numa AG extraordinária, em Lisboa, convocada pela Intercement Austria.
“Considera a InterCement mais adequado à presente situação, designadamente para os acionistas minoritários da Cimpor, proceder à exclusão da negociação das ações da Sociedade do mercado regulamentado, por via da perda de qualidade de sociedade aberta. Isto, sem prejuízo de, perante uma alteração positiva das circunstâncias que hoje afetam as economias dos países onde a empresa opera, e respeitando os condicionalismos legais, a Cimpor poder oportunamente voltar a abrir o seu capital, não obstante a impossibilidade de readmissão das suas ações à negociação em mercado regulamentado no prazo de um ano”, revela a proposta hoje aprovada.
A acionista brasileira daquela que já foi uma das blue chips nacionais na bolsa, justificou a proposta com o facto de haver uma elevada concentração do capital social da Cimpor – Cimentos de Portugal, SGPS no acionista maioritário (subscritor da proposta) e a consequente reduzida dispersão das suas ações pelo público em geral, com apenas 4,9% de free float e níveis de transação em mercado pouco significativos, não fazendo as ações já parte da composição dos principais índices bolsistas. Outros motivos foram a não existência de cobertura ativa de equity research pelas instituições financeiras que possa assistir ao mercado das ações Cimpor e o “aparente afastamento dos acionistas minoritários com a sociedade evidenciado pela ausência dos mesmos nas assembleias gerais da Cimpor”.
A evolução negativa das operações industriais no principal mercado da empresa – Brasil – e a deterioração expressiva dos seus capitais próprios e crescimento da dívida financeira; bem como o facto de não estarem reunidas as condições para prosseguir, no curto prazo, com o aumento de capital com recurso a subscrição pública projetado anteriormente; completam as razões apontadas.
Na AG estiveram acionistas representativos de 95,4% do capital social da cimenteira (dos quais quatro particulares e dezoito institucionais).
A reunião contou com as presenças de Daniel Proença de Carvalho; Armando Sérgio Antunes da Silva; Paulo Diniz; Ricardo de Mendonça Lima; António Pinho Cardão; António Pinto Barbosa; e Pedro Rebelo de Sousa, na qualidade de Membros do Conselho de Administração; e de António Pinho Cardão e António Pinto Barbosa na qualidade de membros da Comissão de Auditoria e ainda o representante da SROC (Carlos Ferreira da Cruz), segundo o comunicado enviado ao mercado.