Um estudo da Monitor Deloitte feito a pedido da banca espanhola (da Asociación Española de Banca e da Confederación Española de Cajas de Ahorros) comparou as comissões cobradas pelos bancos do país vizinho com vários bancos europeus, incluindo Portugal. Nesta comparação os bancos portugueses usados foram o BCP, o Novo Banco, o Santander Totta e o ActivoBank (Grupo BCP).
A comparação não deixa dúvidas Portugal cobra mais do dobro pela prestação de serviços bancários aos clientes que os bancos em Espanha. Para este país o universo bancário estudado foram 11 bancos. Portugal cobra 78 euros por ano aos clientes em comissões bancárias enquanto os concorrentes espanhóis em Espanha cobram 38 euros por ano, para o clientes de serviços bancários tradicionais.
A diferença é ainda maior quando se fala de comissões cobradas pela atividade de banca digital. Portugal cobra 61 euros por ano (acima da média dos países europeus comparados que é de 60 euros) e Espanha cobra 20 euros por ano.
Os países que são usados nesta análise são: Alemanha, França, Itália, Inglaterra. Holanda, Portugal e Espanha. Mais de 120 serviços diferentes foram analisados em detalhes para comparar preços e níveis de serviço entre todos os países do estudo.
O país que mais cobra comissões nas atividade banca tradicional é a Alemanha (181 euros por ano), seguindo-se a França com 135 euros por ano. Os bancos destes países que estão na análise são o Deutsche Bank, o ING DiBa, o Commerzbank e o VolksBanken. Os franceses são o BNP Paribas, o Crédit Agrícole, o Sociétè Generale e o Hello Bank.
Os bancos italianos cobram 119 euros por ano; os holandeses 67 euros e os ingleses 20 euros. A média das comissões cobradas na banca tradicional é de 91 euros.
As comissões cobradas aos clientes que usam os canais digitais também deixam a Alemanha mal na fotografia, ao liderar destacada com 143 euros por ano. França surge depois com 74 euros; Itália 61 euros, a par com Portugal; segue-se Holanda com 56 euros por ano; Espanha com 20 euros e o Reino Unido com 10%.
A estratégia de comercialização dos serviços também não é a mesma. Portugal, França, Holanda, Itália, e Alemanha prestam serviço em pacote, segundo este estudo. Assim a lógica é: maior preço para acesso a mais produtos e/ou serviços e o pagamento à parte por serviços não incluídos.
Em Espanha a estratégia é outra. Os clientes são chamados a pagar por acesso e uso para cada produto ou serviço quando são clientes não vinculados, e o preço é inferior para clientes vinculados, ou seja, com a conta ordenado domiciliada.
Os britânicos são mais afortunados, uma vez que os seus bancos dão acesso e uso livre aos serviços prestados e o pagamento é só por serviços de banca não usuais.
Os bancos espanhóis são os que oferecem maior número de serviços aos seus clientes (115), à frente da média europeia que é de 82. Portugal está no fim da tabela com apenas serviços prestados, seguido apenas pela Inglaterra com 67 serviços.
Mais expressivo é o facto de os bancos espanhóis serem aqueles que maior número de serviços gratuitos prestam (87) e Portugal está no fim da tabela com 47 serviços gratuitos. A média dos países analisados é de 59 serviços gratuitos.
Finalmente, o grau de acessibilidade (entendido como o número de canais através dos quais o cliente pode operar) do mercado espanhol é muito maior do que o dos vizinhos europeus. Portugal surge no fim do gráfico.
Espanha oferece 79% dos seus serviços através dos canais tradicionais e 73% através dos canais digitais, enquanto que os mercados mais “digitais”, como os Países Baixos, limitam a prestação dos seus serviços de forma multicanal a 57% do seu catálogo de serviços.
O estudo diz ainda que a banca espanhola fornece uma oferta móvel líder no mundo das funcionalidades.
A banca vive atualmente num ambiente no qual os supervisores bancários (BCE e bancos centrais nacionais) pedem publicamente ao setor maiores esforços de consolidação e uma maior peso na receita de recursos mais estáveis (comissões) como alavanca para fortalecer sua rentabilidade e solvabilidade, isto num contexto de taxas de juros historicamente baixas.