No dia 8 de junho de 2006, uma operação conjunta dos serviços secretos e das forças especiais dos Estados Unidos, em conjunto com os serviços secretos jordanos, permitiu abater o líder da Al-Qaeda no Iraque, Abu Musab al-Zarqawi, considerado um dos herdeiros de Osama bin Laden e o mais direto responsável pelas movimentações extremistas que o Islão mantinha em atividade.
Na operação haveriam de morrer dez combatentes e Zarqawi – que estava em reunião com um grupo de apoiantes – foi ferido, mas acabaria por morrer minutos mais tarde. Na altura, os Estados Unidos consideraram que o desaparecimento de Zarqawi constituía uma forte machadada nas intenções belicistas dos terroristas islâmicos e um desanuviamento do medo que se ia instalando em alguns países face a sucessivos ataques terroristas.
Abu Musab al-Zarqawi havia sido, por outro lado, o fundador do grupo militar fundamentalista Tawhid wal-Jihad, que mais tarde acabaria por criar o autoproclamado Estado Islâmico. Mas, à altura da sua morte, o Ocidente acreditou que a morte do líder regional e as prováveis movimentações ‘autofágicas’ para o substituir acabariam por retirar força às propostas radicais do grupo, mais um entre os muitos ‘filhos’ da Al Qaeda.
A realidade veio mostrar o erro grave da apreciação: o Estado Islâmico – que continua a ser combatido na Síria e no Iraque, mas ainda dá provas de vida terríveis – ficará na história como um dos mais sangrentos grupo jihadistas de que há memória, um dos mais mortíferos e aquele que mais conseguiu condicionar a vida dos europeus.
Nascido em 1966 na Jordânia, Zarqawi foi detido em 1993 por fazer parte de uma célula que pretendia derrubar o governo do país, tendo passado os sete anos seguintes na cadeia. Foi indultado em 1999 e juntou-se aos Taliban. Depois da Guerra do Iraque, passou a ser um dos cérebros dos ataques terroristas contra a coligação internacional que tomou parte no conflito – o que levou os Estados Unidos a colocá-lo no ‘honroso’ topo da lista dos mais procurados. Condenado à morte por três vezes na Jordânia, sempre à revelia, a vida sangrenta daquele que bin Laden considerava o emir do califado da Mesopotâmia só desapareceu debaixo do fogo de uma operação especial secreta.