A União Europeia é beneficiada pelo carácter conservador da gestão orçamental e elevada proteção dos credores, segundo a DBRS, que manteve esta sexta-feira o rating da UE em AAA, com perspetiva ‘estável’. A agência de notação financeira considera que o grupo está preparado para lidar com o Brexit e sublinha que o Reino Unido deverá continuar a contribuir para o orçamento comunitário.
“Os ratings beneficiam da gestão orçamentária conservadora da UE, com múltiplos acordos que protegem os credores, bem como o status de credor preferencial da instituição”, refere a agência no relatório publicado esta sexta-feira à noite.
“A tendência ‘estável’ reflete a visão da DBRS de que a UE está bem posicionada para gerir os riscos a curto prazo e espera-se que o crédito permaneça extremamente robusto, apesar da partida esperada do Reino Unido (Reino Unido, AAA ‘estável’), como resultado do forte compromisso e capacidade de os restantes membros apoiarem o orçamento da UE e as suas obrigações”, explica.
A DBRS lembra que o Brexit irá aumentar as contribuições relativas dos restantes países-membros para o orçamento europeu. Assim, considera que a estrutura das contribuições para o orçamento vai assemelhar-se a outras instituições europeias como o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE).
Alemanha, França, e Itália representam 49,5% do total e, após a saída do Reino Unido do bloco, deverão manter-se como maiores contribuintes para o orçamento.
“Embora o período de transição entre o Reino Unido e a UE dependa de um acordo ratificado de retirada total, a DBRS considera que o compromisso do governo do Reino Unido de continuar a contribuir para o orçamento até ao final de 2020 reduz significativamente as incertezas sobre o orçamento da UE”, explicou a agência.
“Além disso, na opinião do DBRS, o perfil de financiamento da UE deverá permanecer sólido, mesmo após a retirada do Reino Unido, e não é excluir a possibilidade de o Reino Unido continuar a contribuir para o orçamento, embora com um valor inferior”, sublinha.
A DBRS alerta, no entanto, que os ratings da UE podem sofrer uma pressão negativa se um ou mais dos principais membros core sofrerem um downgrade, particularmente se a deterioração do crédito levantar preocupações sobre a coesão da UE como um todo, ou enfraquecer o compromisso político dos membros centrais de apoiar a UE.
Os ratings também poderiam sofrer pressão negativa se um aumento no euroceticismo resultar em um aumento significativo no risco de desintegração da UE.