O Banco de Portugal reviu ontem em forte alta as projeções de crescimento entre 2017 e 2019, com o investimento e as exportações a darem um renovado impulso à atividade económica no país, que deve crescer 2,5% este ano – o valor mais elevado desde o início do século.
Esta melhoria terá reflexos nos salários, no rendimento disponível e no consumo das famílias, mas os economistas do banco central antecipam que não haja alterações substanciais na taxa de poupança dos particulares, nos próximos anos.
“A evolução projetada para o consumo privado e para o rendimento disponível determinam uma relativa estabilização da taxa de poupança, em torno de 4 por cento”, indicia o Boletim Económico publicado ontem pelo BdP.
Em contrapartida, o endividamento dos particulares em percentagem do rendimento disponível “deverá continuar a reduzir-se”, “o que constitui uma característica fundamental do processo de ajustamento da economia portuguesa”. Ou seja, as famílias parecem estar a utilizar a folga extra na carteira para pagar dívidas e para pagar algum consumo adicionar, em vez utilizarem esse rendimento para acumular poupança.
“O esforço de redução do elevado nível de endividamento do setor privado deverá prosseguir – agora num quadro mais favorável em termos de evolução do rendimento disponível e do PIB em termos nominais – reduzindo a vulnerabilidade da economia portuguesa a choques adversos”, indica o relatório.
Os economistas do banco central antecipam que o consumo privado cresça 2,3% este ano, ainda à boleia e que suba para 1,7%´nos dois anos seguintes. Esta melhoria reflectea evolução do rendimento disponível real das famílias, num quadro melhorias no emprego e de aumentos de alguma subida dos salários reais. “A evolução projetada para o consumo privado implica que em 2019 o nível do consumo deverá estar ligeiramente acima do observado antes da crise financeira internacional”.