As seguradoras podem comprometer as oportunidades de crescimento caso os executivos não tomem providências para atrair novos talentos, redesenhar a forma como se trabalha e orientar a colaboração da força de trabalho com a Inteligência Artificial (IA). Quem o afirma é a consultora Accenture, com base no seu recente relatório “Future Workforce Survey – Insurance: Realizing the Full Value of AI”.
Este estudo demonstra ainda que as seguradoras que investem em IA e na colaboração homem-máquina na mesma proporção que outras empresas de alto desempenho podem, durante os próximos cinco anos, aumentar, em média, as suas receitas em 17% e o emprego em 7%.
Consultados 100 altos dirigentes e mais de 900 colaboradores não-executivos, as conclusões apontam para a necessidade de haver um maior esforço por parte das seguradoras na preparação dos colaboradores para que estes trabalhem de forma mais eficaz com a IA.
Os executivos inquiridos acreditam, por exemplo, que apenas um em quatro colaboradores está preparado para trabalhar com IA. Além disso, mais de quatro em 10 colaboradores (43%) referem o aumento da disparidade de qualificações como o fator que mais influencia a sua estratégia de força de trabalho. Apesar da clara necessidade de preparação, apenas 4% das seguradoras planeia aumentar significativamente o seu investimento em programas de requalificação nos próximos três anos.
“A IA tem o potencial para impulsionar a inovação, o crescimento e a eficiência, mas a hesitação das seguradoras em requalificar corretamente os seus colaboradores pode limitar o seu impacto”, afirma Miguel Proença, managing director da Accenture, responsável pela prática de seguros em Portugal.
“Apesar de ser um negócio propício à aplicação de tecnologia e inovação, as seguradoras têm um caminho a percorrer para vencer a guerra do talento tecnológico. Os executivos precisam de pensar de forma pragmática sobre como podem trazer novo talento, redesenhar postos de trabalho e requalificar corretamente os colaboradores. Criar um ambiente de trabalho mais flexível pode ser um primeiro passo-chave para atrair ‘data scientists’ e outros talentos”, reforça ainda Miguel Proença.
A maioria dos executivos inquiridos (61%) espera que a força de trabalho do futuro seja uma conjugação de humanos e máquinas. Contrariamente à crença popular de que a IA iria reduzir postos de trabalho, dois terços (67%) dos executivos das seguradoras esperam que a IA resulte num ganho líquido em termos de postos de trabalho nos próximos três anos.
O relatório da Accenture revela também que os trabalhadores das seguradoras estão dispostos a apostar em IA nas suas funções diárias. Cerca de dois terços (68%) dos inquiridos acreditam que esta irá criar oportunidades no seu trabalho, enquanto que apenas 4% julga que irá criar mais desafios. Quase três quartos (73%) acreditam que a IA irá tornar os seus trabalhos mais simples, e mais de dois terços (69%) perspetivam que permitirá um maior equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal.