A Amnistia Internacional revelou que a atividade mineradora da empresa chinesa Haiyu em Moçambique estava a ser “devastadora” para a região e para as populações que ali vivem e o governo de Moçambique decidiu suspender as suas operações.
Respondendo a essa decisão do governo moçambicano, Deprose Muchena, diretor regional da Amnistia Internacional para a África Austral, disse, citada por um comunicado daquela organização não-governamental, que “as práticas irresponsáveis da Haiyu devastaram vidas na vila costeira de Nagonha, provavelmente contribuindo para inundações repentinas que colocam mais de mil pessoas em sério risco de serem levadas para o Oceano Índico e deixaram centenas de pessoas desabrigadas”.
Com tantas vidas em risco, a decisão do governo de Moçambique de suspender a operação de mineração da Haiyu é uma medida bem-vinda, diz a organização. Mas, diz ainda Muchena, “se o governo de Moçambique está seriamente empenhado em proteger os direitos humanos do povo de Nagonha, é essencial que a comunidade seja genuinamente consultada em todos os debates para facilitar o acesso igual e efetivo à justiça a todas as vítimas de violações dos direitos humanos”.
Recorde-se que, em 28 de março de 2018, a Amnistia Internacional divulgou um relatório sobre as atividades de mineração, consideradas irresponsáveis, da empresa de mineração chinesa em Moçambique. O processo de mineração colocou uma aldeia costeira inteira de mais de mil pessoas em sério risco de desaparecimento em Nagonha, na província de Nampula.
O relatório da organização revela que a Haiyu contribuiu provavelmente de forma significativa para uma inundação repentina ocorrida em 2015 na aldeia de Nagonha, que destruiu 48 casas e deixou 290 pessoas desalojadas. A Haiyu não realizou uma avaliação de impacto ambiental adequada nem consultou a comunidade antes de estabelecer os seus negócios, acusa a organização, apesar do direito internacional e da legislação nacional exigirem essas etapas antes de avançarem com a mineração.