O Novo Banco e o Fundo de Resolução/Banco de Portugal estão a analisar a carta dos investidores que se reuniram num comité representado pela PJT Partners. Mas o Jornal Económico sabe que há intenção de reunirem-se durante este mês com a PJT Partners, uma boutique financeira criada por ex-partners da BlackStone, e que alega reunir 30% das obrigações do Novo Banco. Ora como os institucionais são 57% dos detentores de obrigações, este grupo é mais de metade dos investidores institucionais.
No entanto, segundo fonte próxima do processo, para se sentarem à mesa das negociações com estes investidores, os fundos têm de assumir por escrito o compromisso de não transacionar as obrigações do Novo Banco, que detêm, no mercado, nem adquirir novas obrigações. Isto porque os fundos querem ter acesso a informação que é privilegiada e como tal não podem estar em simultâneo a operar no mercado. Este grupo de obrigacionistas pediu ao Banco de Portugal acesso a informações sobre o acordo assinado com a Lone Star para a venda do Novo Banco.
O Novo Banco contratou um sindicato bancário liderado pelo JP Morgan e composto pelo Deutsche Bank e pelo Mediobanca que contactam os gestores de fundos. Mas o nível de informação pretendida pelos investidores representados pela PJT Partners exige um contato a um nível mais alto, envolvendo a administração do Novo Banco e os representantes do Banco de Portugal enquanto Autoridade de Resolução.
O Expresso e o Eco noticiaram na semana passada as duas cartas enviadas, uma ao Novo Banco a 16 de maio e outra cerca de dez dias depois ao Fundo de Resolução.
O Expresso dizia que as grandes gestoras de fundos, como a Pimco e a York Capital, fariam parte desse grupo que questiona a necessidade de uma troca de obrigações — conhecida como exercício de gestão de passivos (Liability Management Exercise – LME).
Recorde-se que a Pimco faz parte de um grupo de 20 investidores internacionais que recorreram judicialmente da decisão do Banco de Portugal de transferir cinco linhas de obrigações sénior do Novo Banco para o BES ‘mau’.
Nas cartas este grupo de investidores revela que criou um Comité de obrigacionistas do Novo Banco, tendo contratado a firma britânica PJT Partners como assessora financeira. Na carta dizem não perceber porque é que é exigido a operação de LME e dizem que o Novo Banco “não deu nenhuma justificação legal ou comercial para a necessidade de ter de haver este LME, a não ser o facto de ter sido incluída como condição para venda à Lone Star”.
Dizem ainda que se o Lone Star não conseguir completar a compra do Novo Banco sem o LME, então o comité está disposto a discutir uma transacção em termos semelhantes à que foi acordada com o Lone Star.
Os investidores dizem ainda na carta estarem disponíveis para discutir a troca voluntária de dívida, mas vão mais longe e acrescentam ter sugestões para estruturar uma troca de obrigações que beneficie ambas as partes.
No final da carta, o comité convida o Novo Banco para uma reunião para discutir a proposta.