A Polícia Judiciária (PJ) continua a trabalhar na “investigação de todos os factos relacionados com o incêndio de Pedrógão Grande, não tendo, até ao momento, apurado factos que contrariem as informações inicialmente divulgadas sobre o mesmo”, avançou ao Jornal Económico fonte da PJ, na sequência das declarações do presidente da Liga dos Bombeiros, Jaime Marta Soares, que o incêndio terá tido “origem em mão criminosa”. Entre todos os fatos relacionados com a tragédia de Pedrógão Grande está a decisão de a GNR ter cortado o IC8 porque o fogo ameaçava passar a estrada, tendo deixada aberta a Nacional 236, a chamada ‘estrada da morte’ onde morreram mais de 40 pessoas, aberta. Uma decisão que levou o primeiro-ministro a questionar a Guarda Nacional Republicana.
A PJ mantém que o incêndio que deflagrou no sábado no concelho de Pedrógão Grande teve origem numa trovoada seca, numa altura em que, segundo a mesma fonte, estão a ser recolhidos “todos os elementos” para o processo, como extensão dos danos, causas das 64 mortes, não afastando também a investigação ao motivo pela qual as autoridades decidiram encerrar a IC 8 ao invés da alternativa, a Estrada Nacional EN 236-I.
O primeiro ministro já revelou que a GNR garante que “o fogo terá atingido a estrada de forma totalmente inesperada, inusitada e assustadoramente repentina, surpreendendo todos, desde as vítimas aos agentes de Protecção Civil nos quais se incluem os militares da GNR”.
A EN236-1 foi considerada a estrada da morte depois de dezenas de pessoas terem perdido ali a vida durante o fogo de Pedrógão Grande. Esta terça-feira, o Governo exigiu esclarecimentos sobre as circunstâncias do incêndio em Pedrógão Grande às autoridades competentes sobre várias respostas ao incêndio, nomeadamente “sobre o encerramento ou não encerramento da Estrada Nacional onde se deu o fatídico caso”.
Segundo o primeiro-ministro, “a resposta de GNR é consonante” com as outras informações “do dramatismo e da rapidez com que tudo aconteceu naqueles quilómetros”.
Sobre as declarações do presidente da Liga dos Bombeiros, fonte da PJ adiantou ao Jornal Económico que Jaime Marta Soares vai ser chamado pela Polícia Judiciária no sentido de perceber como é que este dirigente chegou à conclusão que o incêndio de Pedrogão Grande, em Leiria, tenha tido origem em “mão criminosa”. “A PJ irá convocar o presidente da Liga dos Bombeiros, em sede própria, para pormenorizar a sua denúncia e indicar factos em que baseiam as suas declarações”, afirma a mesma fonte.
Aos microfones do Fórum TSF, Jaime Marta Soares, presidente da Liga dos Bombeiros, revelou hoje acreditar não ter sido a trovoada a causadora do incêndio de Pedrógão Grande. Até prova em contrário, o presidente diz-se convicto de que o fogo teve origem criminosa.
“O incêndio já estava a decorrer há cerca de duas horas”, disse Jaime Marta Soares, acrescentando: “Eu tenho para mim de que o incêndio teve origem em mão criminosa.”
PJ afasta mão criminosa no incêndio de Pedrógão Grande
O diretor nacional da PJ afastou, neste domingo, 18 de Junho, qualquer indício de origem criminosa no fogo que desde sábado lavra neste concelho com resultados trágicos. Almeida Rodrigues afirmou à Lusa que o incêndio que deflagrou no sábado no concelho de Pedrógão Grande teve origem numa trovoada seca, afastando qualquer indício de origem criminosa.
“Conseguimos determinar que a origem do incêndio foi provocada por trovoadas secas, tendo sido a partir daí que o fogo se propagou”, explicou, então, o diretor nacional da P.
António Costa exige esclarecimentos a GNR, Proteção Civil e IPMA
Houve no local circunstâncias meteorológicas e dinâmicas geofísicas invulgares que justifiquem tamanha catástrofe? Esta é uma das perguntas do primeiro-ministro às autoridades.
Perante o fogo que deflagrou no passado sábado em Pedrógão Grande, o primeiro-ministro, num despacho, enviado esta segunda-feira pela chefe de Gabinete, dirigido à Guarda Nacional Republicana (GNR), à Proteção Civil e ao Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), exige esclarecimentos sobre três pontos fundamentais.
De acordo com o despacho do chefe do Governo, uma das questões que António Costa pretende ver elucidada é sobre se “houve no local circunstâncias meteorológicas e dinâmicas geofísicas invulgares” que justifiquem tamanha catástrofe, nomeadamente no número de vítimas, “sem paralelo nas ocorrências de incêndios florestais frequentes em Portugal”.
A confirmação de que realmente existiu uma “interrupção do funcionamento da rede SIRESP”, a razão e a duração da interrupção, “se não funcionaram as suas próprias redundâncias e que impacto teve no planeamento, comando e execução das operações” e ainda como “estabeleceram ligações alternativas”, é outra questão do primeiro-ministro.
Por fim, Costa questiona-se sobre o motivo pela qual as autoridades decidiram encerrar a IC 8 ao invés da alternativa, a Estrada Nacional EN 236-I, tendo sido “adotadas medidas de segurança à circulação nesta via?”
O Instituto do Mar e da Atmosfera (IPMA) confirmou esta segunda-feira que durante a tarde de sábado, em que se terá iniciado o incêndio no concelho de Pedrógão Grande, se registaram descargas elétricas na zona, reforçando a ideia de que o incêndio, que atingiu proporções dantescas e que vitimou 64 pessoas, terá sido originado por causas naturais adversas e pouco habituais.