Um dia depois de se ter desentendido com a chanceler Angela Merkel, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já conseguiu arranjar nova polémica, desta vez com o secretário-geral das Nações Unidos, o português António Guterres.
Em causa está a decisão tomada por Trump de retirar os Estados Unidos das responsabilidades assumidas no Acordo de Paris sobre as alterações climáticas, assinado em Dezembro de 2015 por 195 países (todo o globo menos a Síria e a Nicarágua). Ou, pelo menos, a previsível decisão: segundo um responsável da Casa Branca citado pelos ‘media’ norte-americanos, o presidente está a ponderar a hipótese de ‘rescindir o contrato’ assinado em Paris, desobrigando os Estados Unidos de cumprirem todas as metas previstas.
A reserva de Trump em relação ao acordo é antiga: ainda candidato à presidência, Trump referiu-se ao acordo como um fator desestabilizador da economia caseira e uma forma de retirar competitividade internacional às empresas norte-americanas. E para nada, afinal, dado que, segundo Trump, as alterações climatéricas e as suas consequências em geral e o aquecimento do planeta em particular não são senão invenções da mente retorcida dos chineses – sempre prontos a usarem todos os apetrechos possíveis para vencer a economia norte-americana.
O secretário-geral da ONU já comentou o discurso presidencial, tendo afirmado estar convencido de que, mesmo que os Estados Unidos se retirem do Acordo de Paris, os agentes económicos – nomeadamente as cidades, as empresas e outras organizações coletivas – continuarão a perceber que é do seu interesse lutar contra aquilo que motiva as alterações climatéricas, e que continuarão a fazê-lo.
O tema regressou ao topo da agenda no final da passada semana, quando, na cimeira do G7 em Itália, Trump deu a conhecer – na sua conta do Twitter, como sempre – que tomaria uma decisão final sobre o assunto, sem ter em consideração as pressões quer do presidente francês Emmanuel Macron quer da chanceler alemã Angela Merkel, para se manter no perímetro do acordo.
Mas os diferendos entre Trump e Guterres não se ficam por aqui: a Casa Branca está ainda a ponderar – outro facto que já vinha da campanha eleitoral – cortar em cerca de 33% a parte do orçamento de Estado destinada a financiar a ONU e as suas organizações planetárias. António Guterres quer travar essa decisão, tendo afirmado que, se os Estados Unidos querem manter a sua posição de líder mundial, não devem subtrair-se às obrigações financeiras que foram consolidando ao longo dos tempos.